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O Mercado Santa Bárbara, a Capoeira e as festas populares na cidade de Salvador

Os capoeiras sempre estiveram presentes nas festas de Largo da Bahia

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O Mercado Santa Bárbara, a Capoeira e as festas populares na cidade de Salvador...

Os capoeiras sempre estiveram presentes nas festas de Largo da Bahia. Foi uma das formas de introduzirem a Capoeira enquanto prática cultural na cidade de São Salvador. As rodas de capoeira nas festas de largo ficaram famosas pelos seus feitos. Já encontramos casos de deixarem o povo estupefato, em regozijo, pelos momentos sensacionais de demonstração da arte em seus movimentos de agilidade, da poesia que sai da boca do poeta cantador, pelo afinado som do berimbau, do atabaque, do pandeiro, dos caxixis e da alegria de Mestre Caiçara.

Professor Antonio Liberac Cardoso Simões Pires

Descricao Mestre Noronha é um dos que esclarece a participação dos capoeiristas nas festas de largo da cidade de São Salvador. Ele registrou a participação dos capoeiristas na festa de Santa Luzia, no ano de 1922. Ele disse que essa festa se comemorava no Cais Dourado, área do Mercado Modelo, local de grande concentração de grupos de capoeiras, no Distrito do Pilar, descendo o Elevador Lacerda. Na festa se apresentavam grupos de samba, de candomblés de rua, os chamados afoxés e os capoeiristas. Eles chegavam vestidos com seus trajes brancos, chapéu ou com qualquer outra indumentária, geralmente usavam calças compridas. Mostravam orgulho de serem cultuadores daquele jogo. Seus movimentos de agilidade criam brilho nos olhos de quem os vê.

O som do berimbau chama a atenção dos que de longe estão. O atabaque nem sempre aparecia nas rodas de rua, a bateria era formada por berimbaus, pandeiros, reco-recos e palmas de mãos. Temos a alegria e o envolvimento de quem passa na rua e responde em couro, uma "ladainha" ou em um "corrido" (tipos de cantos da Capoeira, que mudam sua forma poética e o tempo de cantar). A festa de largo é o lugar social da Capoeira, parece que ela nasceu para isso, encantar o transeunte. Mestre Noronha relata que na Festa de Santa Luzia tinha gente de vários lugares, mas a maioria era formada por doqueiros, trapicheiros, trabalhadores estivadores do Cais Dourado da velha Bahia.

A festa de Santa Bárbara, próximo ao Mercado Santa Bárbara, também foi palco de grandes encontros entre famosos capoeiristas. Um deles foi Mestre Caiçara, seu nome de batizado Antonio Conceição Morais. Ele nasceu em 1923 e tornou-se um Mestre com características específicas. Uma delas era seu lado brincalhão. Desenvolvia uma Capoeira sorrateira, hilária, realizava apresentações e se dividia entre o mundo da cultura, da Capoeira desportiva e uma cultura da Capoeira malandragem. Se orgulhava de conhecer os "desordeiros", se incluir entre eles, com seu charuto aceso nos lábios e uma boa prosa a sair da boca junto à fumaça tragada com vontade após um gole de cerveja ou cachaça.

Mestre Caiçara ficou muito conhecido nas festas de largo na cidade de Salvador. Fundou uma academia de capoeira cujo nome era "Academia de Capoeira Angola Irmãos Unidos de Mestre Caiçara”. Gostava de andar com camisa vermelha e verde e contas dos Orixás do candomblé, religião que foi adepto até o fim de sua vida. Ele postulava-se ao lado das tradições africanas. Era assíduo frequentador do Terreiro de Jesus e da Baixinha. No Mercado de Santa Bárbara, ele negociava o peixe que depois iria expor no Terreiro de Jesus, onde colocava banca de peixe.

Na mídia se encontra referências a Mestre Caiçara, como "o rei da capoeira de rua". Ele produziu disco fonográfico com músicas da Capoeira, vídeos e shows, tornando-se importante ícone da Capoeira na Bahia de Todos os Santos. Ficou a lenda de um Mestre Caiçara: valentão, irreverente e folclórico, o que ele gostava de ser. Certo dia ele foi a academia de Mestre Bimba para desafiá-lo à luta da Capoeira. Entrou na roda e logo a seguir desencadeou um AÚ colocando-se de cabeça para baixo... Mestre Bimba não relutou e desfechou um golpe certeiro, uma benção que acertou em seu rosto. Caiçara perguntou: “o que foi isso? Bimba respondeu, é pé”.

Seus casos tornaram-se famosos no universo da Capoeira e a ele foi dedicada uma música de extrema beleza: "A cobra mordeu Caiçara…Dim Dim Dim, Dim Dim, Dom Dom…A cobra mordeu Caiçara e o bicho de ruim não morreu… E a cobra morreu envenenada com a mordida que ela mesmo deu". Mestre Caiçara morreu em 1997, como um dos responsáveis pela roda de capoeira no Mercado de Santa Bárbara.

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